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POLÍCIA

ASSASSINO DE IDOSO MORTO A PAULADAS EM CARVALHÓPOLIS É CONDENADO A 15 ANOS DE PRISÃO

José Cesário, o autor do crime

Foi concluído, na noite do último dia 4 (quarta-feira), em Machado, o Júri do produtor rural José Cesário (64 anos), acusado de matar, em junho de 2016, com um pedaço de madeira, o aposentado Sebastião Lourenço de Carvalho, o “Tião”, (à época com 66 anos).

O motivo do crime foi uma discussão na casa

Tião, a vítima

onde José Cesário morava e que pertencia a Tião. O acusado foi condenado a 15 anos de reclusão por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por motivo financeiro. Ele vai responder em liberdade pelo direito à presunção da inocência garantida pela Constituição Federal aos condenados em primeira instância. Ele foi preso na época do crime, mas solto três meses depois, por meio de um habeas corpus. A defesa de José Cesário disse que vai entrar com recurso para tentar anular o julgamento.

O caso

Um homem foi brutalmente atacado a pauladas, na noite do último dia 26 (domingo), num curral próximo à sua casa, situada no bairro Bocaina, zona rural de Carvalhópolis. Sebastião Lourenço de Carvalho, o “Tião” (66 anos) chegou a ser socorrido com vida ao Pronto Atendimento de Machado, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na manhã seguinte. José Cesário (60 anos), o “Pontião”, comerciante e arrendatário da propriedade, foi quem acionou a Polícia Militar, afirmando que encontrou o agricultor agonizando no local. A Guarnição, por sua vez, chamou a ambulância da Secretaria de Saúde do município para efetuar o resgate. Pouco tempo mais tarde, o óbito foi declarado e, no final do dia, o “amigo” da vítima detido, após confessar o crime.
O caminho para a definição da autoria foi indicado logo no começo das apurações, quando a PM de Carvalhópolis ouviu algumas pessoas ligadas a Sebastião, em especial, um cunhado do morto, João Olímpio da Silva (74 anos), que deu as pistas mais importantes. Em entrevista concedida à Gazeta, o familiar apontava José Cesário como envolvido direto na história, pois presenciou a discussão entre ambos. “Há tempos, ‘Pontião’ pediu para passar um imóvel de meu cunhado para o seu nome, a fim de conseguir um empréstimo em dinheiro. Mesmo diante de vários conselhos, ‘Tião’ aceitou simular esse negócio porque considerava esse sujeito como um grande amigo. Ele gostava do indivíduo mais que da própria família. Na discussão, os dois falavam dessa situação. Sebastião queria a residência de volta, pois esse era o combinado e estava muito nervoso porque o cara não queria devolver. Então, ambos entraram no curral e não vi mais o que aconteceu. Só notei quando o José Cesário e o filho saíram e foram embora assustados”.
O aposentado e sobrinhos da vítima foram e permanecem unânimes em afirmar que o agricultor era explorado pelo arrendatário e facilmente iludido pelo mesmo. “Ele arrendava terras, simulou passar a casa para o nome dele e nunca deu um tostão ao meu cunhado, a gente sabe disso. Mas não adiantava falar, aconselhar e alertar. Deu nisso”, completou Olímpio.
Diante das informações colhidas, a Polícia Militar pediu que “Pontião” permanecesse no quartel, como testemunha, para, posteriormente, vir a Machado, a fim de prestar depoimento ao delegado Juliano do Lago, responsável pela condução das investigações. Antes disso, o homem, ainda sem saber que já era suspeito, concedeu entrevista à reportagem, durante a qual manteve a versão inicial, tentando jogar a culpa sobre um irmão de Sebastião e se mostrando revoltado com o que ocorrera.
“Sempre vou bem cedo, às 5h30, às vezes com meu filho de 16 anos, para tirar o leite. Nesta manhã, me deparei com a tragédia. Ele não conseguia falar, mas estava consciente. Então procurei a Polícia, mas tiveram dificuldade para achar o lugar. Quando o Sebastião chegou ao hospital estava tossindo sangue”, disse “Pontião”.
José Cesário ainda teceu vários elogios ao homem que havia matado, como se não tivesse nada com a situação, e tentava se mostrar assustado com o ocorrido. “Era um sujeito bom. Um amigo que sempre ouvia tudo que aconselhava. Ajudava todo mundo. Não dá pra imaginar quem poderia ter feito isso”.
Durante a entrevista, questionado se não sabia de alguma discussão na qual a vítima estivesse envolvida, o homem tentou acusar um irmão do falecido, que, segundo apurações posteriores, era desafeto do autor. “Vi um bate-boca dele com o irmão por causa de uma água que queria cortar. Conversei com o Sebastião, aconselhei a esquecer isso, mas não sei o que aconteceu depois”.
Na Delegacia, no entanto, todas as mentiras caíram por terra. No interrogatório, o comerciante confessou que havia atingido o crânio do idoso com um mourão de cerca em legítima defesa. “Ele veio pra cima de mim com um pedaço de pau, desviei e não sei como acertei sua cabeça”, relatou “Pontião”.
Conforme o chefe das investigações, depois da agressão, ele procurou um advogado para orientá-lo e só de manhã acionou a Polícia (e não uma ambulância), fazendo toda a cena de pedido de socorro. “O José Cesário deixou a vítima agonizando durante toda a noite, enquanto procurava um advogado para receber orientações quanto aos melhores procedimentos para se proteger. Ao invés de acionar uma ambulância, fingiu encontrar Sebastião e acionou primeiro a Polícia. Depois ficou todo o tempo acompanhando o caso, sendo tratado como testemunha. Só confessou o crime porque durante o interrogatório afirmei que o seu filho havia revelado toda a história. Então, não conseguiu mais manter a versão.
Segundo Juliano, o adolescente, agora tratado como testemunha ocular do crime, não teve participação no homicídio e está abalado com tudo o que aconteceu. “Pelo que sabemos, o rapaz gostava muito do agricultor e vivia quase sempre perto dele. No entanto, teve que presenciar todo o ocorrido e ainda se manter calado diante das mentiras do pai. Ele, com certeza, não participou desta agressão que resultou na morte do idoso”.
O assassino foi preso em flagrante e encaminhado à Cadeia de Machado, onde permanece à disposição da Justiça.

Revolta

Após a confirmação de que “Pontião” teria confessado o crime, um veículo de sua propriedade, que estava na casa da vítima, foi totalmente destruído. A parede da residência também foi pichada com escritos afirmando que o assassino iria “pagar pelo que fez”.
A Polícia Militar não foi acionada para fazer Boletim de Ocorrência sobre este ato de vandalismo e ninguém acabou sendo apontado como suspeito dos estragos.

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