ADVOGADO DE DEFESA E FAZENDEIRO DETIDO POR PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO SE PRONUNCIAM SOBRE O CASO
O advogado Fábio Tavares, responsável pela defesa do fazendeiro G.M.C. (61 anos), detido no início da noite do último dia 6 (quinta-feira) por supostamente ameaçar funcionários terceirizados da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) que faziam mapeamentos aéreos com drone nas redes elétricas do bairro Caiana, procuraram a reportagem da Gazeta nesta sexta-feira (7), para se pronunciarem a respeito do caso.
De acordo com o advogado Fábio tudo não passou de um mal entendido, devidamente esclarecido junto às autoridades. “O que aconteceu com meu cliente foi uma situação atípica e que, graças ao bom senso dele próprio, não caracterizou um crime de ameaça. Como todos nós sabemos, hoje em dia, a criminalidade aumentou muito na zona rural, principalmente nas propriedades, que estão se tornando alvos constantes de bandidos. Devido a isso, quando viu aquele drone sobrevoando sua fazenda, o senhor G. ficou apreensivo e passou a investigar a situação por conta própria. Então, ele ligou na Central de Atendimento da Cemig e recebeu a informação de que não havia nenhuma equipe realizando aquele tipo de serviço na região. Diante disso, ele comunicou o fato em um grupo de moradores e recebeu a notícia de que o carro estava rondando pela área. Com medo de que fossem bandidos mapeando o local para cometerem furtos e roubos posteriormente, ele pegou a arma que possui, legalizada junto à Polícia Federal, e saiu atrás dos funcionários terceirizados da estatal. Ao ser notificado sobre o lugar em que eles estavam, G. ficou em dúvida se retornava à fazenda para deixar a arma, que só pode ser utilizada naquele limite, ou se iria atrás dos suspeitos para averiguar a situação, mesmo correndo o risco de ser denunciado pelo porte ilegal fora da propriedade. E ele escolheu a segunda opção. Ao encontrar os operadores do drone, ele pediu para que ambos parassem o carro que estavam para conversar, mas os homens não lhe deram atenção. Então, G. os ultrapassou e os forçou a pará-los, pedindo para que lhe mostrassem as imagens que estavam no equipamento para ter certeza que se tratava do mapeamento da rede elétrica. Naquele momento, os suspeitos se identificaram, mas negaram o acesso ao aparelho, momento em que G. abriu a porta do veículo deles e pegou o drone. Logo depois, ele se dirigiu à sede da Polícia Militar para pedir ajuda e ver o que tinha sido gravado no equipamento, recebendo a notícia de que as autoridades não poderiam fazer aquilo. Simultaneamente, os funcionários contratados pela estatal chegaram e apresentaram suas versões. Daí, devido ao fato de não ter permissão para transitar com a arma legalizada fora da fazenda, meu cliente recebeu voz de prisão, prestou os esclarecimentos necessários na Delegacia Regional de Alfenas e foi liberado após pagar fiança”.
Ainda conforme o advogado Fábio, antes de tudo isso acontecer, o cliente G. havia procurado um posto da Polícia Militar na cidade de Machado para comunicar o que estava acontecendo e solicitar providências, pois tinha sido avisado pela mulher da presença do drone em suas terras. “Pessoal, estou em contato com a Polícia Militar, aqui no quartel e é o seguinte: eu a minha esposa nos deparamos com um drone, na parte da manhã, era umas 11h30, ali na roça. Ele está andando por cima de casa, nos terreiros perto dos barracões e nas residências dos empregados e dos vizinhos também. Entrei em contato com todos eles e ninguém tem esse drone. Apenas o filho de um vizinho tem esse tipo de equipamento, mas disse que não está usando. Outro vizinho viu um carro parado na porteira lá embaixo, na beira da estrada de casa, e disse que, ao chegar perto, ele evadiu. Então, queria pedir, por favor, se pudessem passar por lá e dar uma olhada, é um carro cinza, desses curtinhos. Está com duas pessoas dentro. Entrei em contato com o pessoal da Cemig e não é ninguém deles. Se puderem, deem uma olhada, por favor”, disse o fazendeiro em áudio enviado num grupo de um aplicativo de conversas de produtores rurais.
Por fim, o advogado de G. afirmou à reportagem da Gazeta que tomará as medidas cabíveis contra a Cemig, já que nenhum comunicado foi emitido aos moradores da Caiana relatando a operação com drones na região. “Entendemos perfeitamente que os trabalhadores terceirizados devem cumprir suas funções para aperfeiçoarem os serviços prestados à população. No entanto, é válido salientar também que, assim como as suspensões de fornecimento de energia, os trabalhos com drones devem ser repassados com antecedência às pessoas para que todos estejam cientes do que está acontecendo. Além desse caso do meu cliente, existem outros relatos em que esses drones invadiram a privacidade de moradores, causando-lhes medo, apreensão e até revolta. Diante disso, ressalto que tomaremos as medidas legais cabíveis para que esse tipo de ação seja aperfeiçoada, trazendo benefícios e não problemas”.