15 FUNCIONÁRIOS DE CLÍNICA TERAPÊUTICA INTERDITADA EM MACHADO SÃO DENUNCIADOS PELO MP
Entidade foi interditada no dia 10 de junho. Na oportunidade, o gerente do local tentou fugir e acabou preso com uma grande quantidade de dinheiro. Uma sala de tortura, segundo as autoridades, também foi encontrada na instituição. Os acusados respondem a crimes como tortura e cárcere privado
O Ministério Público denunciou, nos últimos dias, 15 pessoas, entre diretores e funcionários de uma comunidade terapêutica situada no bairro Caixetas, em Machado, por formação de organização criminosa e por crimes de cárcere privado, tortura contra contra os internos e tráfico de drogas. Dos acusados, três estão presos preventivamente: o gerente da entidade e outros dois funcionários. Além deles, também estão envolvidos um médico, um psicólogo, três enfermeiros, supervisores e coordenadores da unidade.
De acordo com as informações obtidas pela reportagem da Gazeta, as investigações feitas pela Polícia Civil e pelo MP constataram que a comunidade não tinha requisitos para ser considerada uma unidade de saúde, mesmo assim ela se apresentava como clínica para internação no tratamento de dependentes químicos.
Em fiscalizações feitas durante o inquérito da Polícia Civil e o MP, foram encontradas situações de tortura e cárcere privado. A Vigilância Sanitária chegou a achar alimentos impróprios para o consumo e produtos vencidos. Desta forma, o MP pede à Justiça a condenação dos envolvidos, além de indenização de danos morais para as vítimas e à coletividade.
Ainda conforme os levantamentos feitos pelo MP, existe a possibilidade de haver outras vítimas, ex-internos da comunidade terapêutica, ainda não identificadas. Por isso, o órgão solicitou a continuidade das investigações por parte da Polícia Civil de Machado.
A reportagem da Gazeta tentou entrar em contato com o advogado de defesa da comunidade terapêutica, por telefone, mas sem sucesso.
Fuga do gerente
Durante as vistorias na clínica, o gerente (proprietário) e alguns funcionários foram cientificados de que deveriam acompanhar as autoridades e os trabalhos, pois haviam acusações de que irregularidades estavam sendo cometidas no estabelecimento.
Pouco tempo depois, o responsável pela clínica evadiu do local. Desta forma, viaturas da PM saíram no encalço do rapaz. Durante a perseguição, uma Guarnição acabou se envolvendo em um acidente no cruzamento das Ruas Joaquim Teófilo e Dom Hugo, no Centro, colidindo contra uma ambulância.
O representante da clínica seguiu rumo à MGC 267, sentido à cidade de Campestre. Equipes da Polícia Militar da cidade vizinha foram acionadas e efetuaram um cerco-bloqueio, logrando êxito em deter o suspeito.
Com o gerente, foram encontrados cheques, dinheiro e um comprovante de depósito. Posteriormente, ele foi reconduzido à clínica para terminar de acompanhar os trabalhos.
Quatro funcionários da entidade foram detidos e diversos internos entregues às suas famílias por estarem na clínica de forma irregular.
As cinco pessoas detidas em flagrante, todas funcionárias do centro, vão responder pelos crimes de tortura, tráfico de entorpecentes, maus-tratos, sequestro, cárcere privado e organização criminosa.
Sala de tortura
Em conversa com internos do centro, homens com idades entre 19 e 54 anos, órgãos de imprensa foram informados que todos relataram à Polícia Civil que eram internados involuntariamente e submetidos a práticas de tortura física e psicológica.
Os homens também mencionaram existir uma sala no local para esses castigos. No cômodo mencionado, os policiais encontraram objetos, como cinturões com braceletes para imobilização, e faixas, que as vítimas apontaram como os utilizados na tortura.
Ainda no referido lugar, também foram encontrados recipientes contendo medicamentos, bem como caixas de remédios controlados, sem prescrição médica, e blocos de receitas em branco, assinados pelo médico responsável, mas sem indicação da origem.
Os internos afirmaram que esses medicamentos eram usados para sedá-los quando tentavam fugir e eram administrados por qualquer funcionário do estabelecimento.
De acordo com o MP, o centro terapêutico não poderia restringir a liberdade dos internos com muros altos, trancas e cadeados, mas isto foi constatado durante a visita, inclusive nos dormitórios.
* Com dados do G1 e Arquivo GM